quinta-feira, 17 de maio de 2012

Movimento Antimanicomial propõe sociabilização dos pacientes

No dia 18 de maio, o Brasil se mobiliza para o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. A data se refere a um processo de transformação dos serviços psiquiátricos, caracterizado pelo combate à ideia deque para tratamento se deve isolar a pessoa com sofrimento mental.
De acordo com o psicólogo Bruno Jardini Mader, conselheiro do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), isolar uma pessoa para tratá-la pressupõe que o problema seja exclusivamenteindividual e que as relações interpessoais piorariam o quadro. “O isolamento social priva as pessoas de poder contar e compartilhar suas histórias. O paciente com transtorno mental tem condição dedizer o que tem, como quer ser tratado e o que quer para sua vida. Isolá-lo, faz com que estas possibilidades sejam reduzidas”, esclarece Bruno.
Segundo o psicólogo, a internação é indicada quando o paciente está em risco ou com os vínculos sociais rompidos. “Ela deve servir de apoio num momento de crise. Não existe um tempo mínimo deinternação, pois cada paciente terá o seu tempo de restabelecimento. Após, o tratamento deve continuar, incluindo o paciente na convivência na sociedade”, esclarece.
A Lei Federal 10.216/2001 regulamentou as mudanças para a atenção à Saúde Mental no Brasil. A principal alteração foi a implantação de uma rede de atenção com equipamentos territorializados ecomunitários, os chamados CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). “Esta lei é o Estado reconhecendo que não se pode isolar um problema achando que ele será resolvido. A loucura não deve ser escondidaporque não é um problema. Ela é uma forma de ver o mundo e também é fruto da cultura que estamos inseridos”, explica o conselheiro. O texto da lei também diz que “a internação, em qualquer de suasmodalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes”.
O CAPS é um serviço de saúde aberto e comunitário do SUS, local de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e persistentes e demais quadrosque justifiquem sua permanência num local de atenção diária. Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, álcool e drogas (CAPSad) e infantojuvenil (CAPSi).
Em Curitiba existem cerca de 300 leitos em hospitais psiquiátricos. Na cidade também há uma rede de CAPS, sendo três infantis, cinco para usuários de álcool e outras drogas e sete CAPS II. ParaBruno, não há investimento necessário na rede de atenção psicossocial. “Esses dados apontam a desatenção à urgência e emergência, que seria realizado pelos CAPS III, que funcionariam 24h. Não há,também, leitos em hospitais gerais”, analisa.
Recentemente, o Ministério da Saúde lançou dez novas portarias que regulamentaram a rede e a atenção a usuários de drogas, focando principalmente no crack. O psicólogo aponta a implantação dos CAPSde forma proporcional ao número populacional como uma solução para o impasse. “Seria ideal um CAPS para cada 100 mil habitantes”, explica.

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